Há algum tempo, me perguntaram se eu sabia o que significa Consumo Consciente.
Tendo os amigos ambientalitas, socialistas e praticantes de economia solidária que tenho, é claro que eu fazia uma idéia geral do que é o tal do consumo consciente. Consiste então, em consumir apenas aquilo que é estritamente necesário para nossa sobrevivência, evitar gastos excessivos, evitar compras desnecessárias, segurar o consumo desenfreado, evitando por consequência, a geração de lixo e o gasto de energia e recursos não renováveis que apenas prejudicam o meio ambiente.
Note que “meio ambiente” parece sempre um termo muito vago para definir um monte de mato, mas Meio Ambiente não é. Meio Ambiente são os campos, vales e rios, são nossas cidades, nossos bairros, nossas ruas. É o que está à nossa volta, o que permite a manutenção da vida e influencia diretamente nossas vidas, e vice-versa. E, não querendo ser clichê, mas o sendo, as enchentes por exemplo, são um reflexo direto do consumo desenfreado, que gera gigantescas quantidades de lixo que não recebem a destinação adequada, poluem rios e riachos, e entopem bueiros, espalham mal cheiro e criam transtornos para a população.
Mas não é exatamente disso que quero falar. Sempre parto em busca de novidades no meio musical, e um dia assistindo à clipes num canal da TV paga, o VH1, ouvi uma batida contagiante e no clipe um cara branco, magro, alto, gato, americano dizia que algo era “Fucking Awesome”: “bom pra caralho”. Era o clipe de Thrift Shop, de um tal Macklemore.
Na música, Macklemore diz que sai pra fazer compras com 20 dólares, e não tem problema nenhum em frequentar brechós, comprar roupas usadas e garimpar roupas de seus avós, por exemplo. E ainda faz a crítica: não adianta comprar uma camiseta de 50 dólares por exemplo, apenas para estar na moda usando alguma grife, se vários outros caras vão estar com a mesma camiseta na balada.
Ela, no auto de seus cinquenta anos, pode não conhecer Macklemore, ou saber que “this is fucking awesome”, mas os dois, ao desfrutar da cultura dos bazares e dos brechós e se disporem ao garimpo de peças de segunda mão e em bom estado, ensinam a lição: O consumo desenfreado, a compra de roupas que às vezes você vai usar apenas uma vez (se usar), e a manutenção dessa cultura da grife pela grife só alimentam a perversão do capital que explora os recursos naturais do nosso planeta e reduz nossa individualidade ao fast-fashion de bate e pronto, pegando tendências da moda global e multiplicando em milhares de camisetas, calças e acessórios iguais e de baixo custo.
Eu, do alto da minha individualidade, gosto de grifes, de moda, de roupas de qualidade. Mas também sei que não é apenas disso que se constrói a moda e um estilo bacana. Aderi oficialmente à essa onda, e quem quiser que venha comigo. Afinl, "this is Fucking Awesome"!
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